Cocktail (1988)
Poster do Filme Cocktail (1988)/Touchstone Pictures/Silver Screen Partners III/Interscope Communications/Divulgação |
Flanagan se envolve em um triangulo amoroso e tem de decidir entre ter a vida de Doug ou assumir responsabilidades.
O roteiro inicial do filme passou por várias mudanças que deturparam a versão do livro que fora inspirado. O livro foi escrito por Heywood Gould e era sua autobiografia e como ele passou pelo mesmo que o personagem de Tom Cruise. O roteiro para o filme também foi escrito por Gould, acontece que suas versões eram com o personagem principal na faixa dos 30 anos, como ele e com nuances mais obscuras e um tom mais pesado que acabou sendo filmado, isso porque quando Cruise assinou com o filme, tudo mudou, e o estúdio quis fazer a história funcionar para exaltar o ator.
A atriz Kelly Lynch que faz a mulher de Doug já declarou que o filme foi tão mexido e editado que tiraram todo o background do personagem dela, a relação com o pai, os problemas com pouca autoestima. É a velha história de sempre, o estúdio interfere quando os investidores ou não entendem o resultado final ou querem seguir na direção com probabilidade de acerto. A Disney então regravou mais 1/3 do filme.
Para um orçamento de $ 20 milhões e um rendimento de $ 171.5 milhões não se pode dizer que foi um fracasso, filmes com essa temática de garoto conhece garota, magoa ela, e corre atrás para consertar não costumam dar um resultado astronômico, todo mundo já imagina como a trama termina com produções assim, existe uma certa previsibilidade claro, mas algumas surpresas também, como com o destino de Doug que se mostra alguém tão intenso de início, mas que sofre de uma vida de aparências.
Tom Cruise como sempre está excelente, ele faz o que pode nas condições propostas, seu carisma é o diferencial e o que separa Cocktail de apenas um filme sobre um bartender. Caso fosse outro ator, seria um fracasso, não existe nada em Cocktail que o torne um clássico se não o fator Tom Cruise estar envolvido.
Bryan Brown como Doug Coughlin é o ator perfeito para o personagem boêmio e traiçoeiro que fará de tudo para provar que está certo mesmo que isso custe uma amizade. Seu personagem não foi feito para ser gostado, de certa forma e em alguns momentos se mostra o antagonista, mas que demostra não ter um coração de pedra e quando percebe que está cercado de interesseiros aceita que Flanagan foi realmente seu único amigo.
Elisabeth Shue estava em ascensão nos anos 80, estrelando produções como The Karate Kid, Back to the Future Part II e III. Sua adição em Cocktail faz a diferença e torna apesar de não sabermos nada sobre ela até o momento do rompimento com Flanagan e só aí vemos como ela procura ter seu próprio dinheiro e não viver sobre o conforto dos pais. Ela reluta em aceitar Flanagan de volta, mas você sabe que ela vai, e isso não é o problema do filme, mas a cena dela tomando a decisão de viver com Flanagan no hall do elevador quando o porteiro do prédio tenta intervir na escolha dela é um tanto ridícula. Se eu fosse um porteiro, não iria arriscar apanhar só porque uma inquilina resolveu deixar a casa dos pais, eu não ganharia tanto assim para me sujeitar a isso.
É perceptível a mudança de direção da história quando vemos que o começo do filme tem um potencial melhor que o final, os momentos na faculdade são bons.
No meu caso, escritor amador e cinéfilo obsessivo compulsivo não é um filme tão ruim quanto os críticos da época tarjaram. É um romance, eu não diria nem comédia romântica. Vale lembrar que filmes como Blade Runner e Tremors não foram considerados bons filmes em sua época de exibição. Cocktail (1988) não é uma afronta visual, é apenas um filme que foi modificado quando o estúdio não confiou no roteiro escrito e decidiu fazer suas próprias alterações modificando o final e transformando o filme em algo menos denso e sombrio que era a ideia inicial. Eles não queriam algo pesado, mas sim algo abrangente e que desse um retorno financeiro bom, e fato é nem sempre bons filmes são filmes que as pessoas veem. Algumas das mudanças deixaram sequelas visíveis como quando Doug e Brian estão jogando basquete e Doug pergunta o nome de Coral para Brian sendo que na cena anterior a esta os 3 estavam juntos. Outro destaque negativo que indicam refilmagens na pós-produção são as mudanças no cabelo de Tom Cruise em algumas cenas, note que seu cabelo cresce quando Doug morre, fica curto rapidamente e cresce novamente no final do filme, sendo que estes eventos se passaram em uma semana.
Algo que deve ser ressaltado é a trilha sonora, se você gosta do filme precisa ter ela, as faixas de destaque são: "Wild Again" que abre o filme, da banda, Starship; Oh, I Love You So de Preston Smith; Kokomo dos The Beach Boys; Run For The Shelter Of Your Love de Jimmy Cliff; Addicted to Love de Robert Palmer; Don't Worry, Be Happy de Bobby McFerrin; This Magic Moment de Leroy Gibbons. TODAS estas, repito T-O-D-A-S merecem ser baixadas ou escutadas em seu serviço de streaming. Existem outras faixas usadas no filme, mas estas são as que tenho no meu computador, então estou indicando elas.
Uma cena improvisada por Tom Cruise é quando ele está com Coral e ambos caem da cama, foi algo que ele tentou e acabou no filme. O título do filme quase foi "The Bartender", mas mudado de última hora.
Atrizes que quase fizeram o papel de Jordan foram Jodie Foster, Daryl Hannah, Demi Moore e Jennifer Grey. A atriz Heather Graham só não conseguiu o papel porque tinha compromisso com o clássico License To Drive (1988). Para o papel de Brian Flanagan, Jim Carrey, Keanu Reeves, Tom Hanks e Charlie Sheen foram sondados.
Se você acha que este filme não possui uma continuação está meio certo e meio errado, em 2015 um filme para a TV chamado Cocktails & Dreams (2015) o mesmo nome do bar idealizado por Brian e Doug no filme de 1988, e não é só essa a coincidência, atores do filme de 1988 estão em Cocktails & Dreams (2015), são eles o ator que fez Doug (Bryan Brown), a atriz que fez Bonnie (Lisa Banes), e a atriz que fez Coral (Gina Gershon). Os nomes deles no filme de 2015 reflete seus personagens no filme de 1988.
Entrando em preferência pessoal, eu adoro este filme, a história simples que flui sem a necessidade de muito esforço do espectador, atrelado as boas músicas e pelo fato de eu assistir qualquer filme com Tom Cruise ajudam claro.
Nenhum comentário