Os acertos e problemas do Universo da DC nos cinemas – parte 4
Poster do Filme Suicide Squad (2016)/Atlas Entertainment/DC Comics/DC Entertainment/Dune Entertainment/Warner Bros./Divulgação |
Suicide Squad (2016)
Aqui é onde a cagada não tem nem desculpa e os eventos são indefensíveis. David Ayer é o responsável dessa zona, sendo trazido para dar um tom urbano ao filme como ele é amplamente conhecido com filmes como Dia de Treinamento, S.W.A.T.: Comando Especial, End of Watch , Sabotagem e Street Kings, todos filmes de rua, com tramas policiais explorando traição, corrupção, suborno e drogas. Mas para um filme de vilões que se tornam anti-heróis ele não é o cara indicado.
O elenco, excelente, Will Smith, Jared Leto, Margot Robbie, Joel Kinnaman, Viola Davis, Cara Delevingne entre outros. Não me entenda mal, quando disse cagada não quer dizer monetariamente falando, claro que o filme se pagou e fez $ 746 milhões, mas acredite que eles esperavam mais. Quando Batman v Superman teve críticas mistas de excesso de violência e gravidade, de ser um filme sem esperança e depressivo, dark sem otimismo, a Warner entendeu que o caminho para o famoso $ 1 bilhão de arrecadação seria o oposto disso, seria inflar a trama com piadas e deixar a atmosfera leve e disponível para todas as idades. Pois bem, foi uma ideia ruim, filmes de super-heróis não precisam ser iguais, nem todos precisam ser como os da Marvel que te entretêm por 2h e quase ninguém importante morre e você não vê sangue ou tripas voando na tela. Às vezes é legal ver tripas e sangue, como vimos em Logan e Deadpool, que foram acertos da FOX em aceitar como os personagens são e seguir com isso, mas aqui em Suicide Squad não existia alguém na Warner/DC que guiasse as produções e desse um rumo para as produções a fim de alcançar a coesão.
Quando o primeiro trailer foi lançado, o tom do filme era muito próximo ao de Batman v Superman, era obscuro e intrigante, no momento que Batman v Superman estreou nos cinemas, a produção quase finalizada de Suicide Squad foi atingida e o filme mudou, e quando o segundo trailer saiu, existiam mais cores no vídeo, mais piadas e parecia tudo mais leve, e isso não foi apenas no material promocional do filme a produção mudou completamente já na reta final de pós produção com refilmagens custando $ 22 milhões (o máximo para reshoots é de $ 10 milhões) para adequar o filme e distanciar ao máximo de Batman v Superman. O filme foi editado por diversas pessoas, e isso nunca....nunca é bom. Jared Leto já abriu o bico relatando que mais da metade que ele filmou como Coringa não aparece no filme, e de fato de você assistir ao primeiro trailer, percebe que algumas cenas ali do Coringa não constam no filme.
A trama é simples, usar vilões que ninguém se importa para missões que ninguém quer fazer, mas fato é, o Esquadrão não possui integrantes que sejam capazes de salvar o mundo, eles são pessoas que deveriam se limitar a ameaças urbanas, salvo alguns meta-humanos que o integram, eles não tem o poder de um Superman ou Mulher-Maravilha e funcionariam muito bem apenas num filme tendo que transferir um prisioneiro de um local ao outro, ou mesmo em uma história com gagues e máfia que ironicamente é a especialidade de David Ayer. O pistoleiro é um cara que tem habilidades com armas, tiros e emboscadas. Harley Quinn é uma doida com um martelo gigante na mão, Rick Flag é o chato militar que foi designado para cuidar dos caras maus. Capitão Boomerang é bom com Boomerangs e é isso. El Diablo tem real poder com fogo, se destaca porque sozinho se quisesse eliminaria todos. Killer Croc ou crocodilo é considerado um meta-humano. Enchantress ou Magia possui poderes de encantos e feitiços, mas que é tomada por uma entidade que o Governo americano acha que pode controlar. Katana é voluntária na missão, não tem o chip de destruição implantado em seu corpo e usa uma espada que aprisiona as almas dos inimigos. Slipknot ou Amarra é um cara que escala qualquer local. Assim com 6 integrantes sendo pessoas comuns e sem poderes reais + 3 meta-humanos e o Coringa que não é do Esquadrão, temos um filme confuso, com tom que varia muito, pouca consistência, um vilão fraco e um final onde tudo se resolve abrindo um portal e mandando a entidade para ele, assim como já vimos em Vingadores e no remake de Caça-Fantasmas. Mesmo com a participação do Batman e do Flash o filme não convence.
David Ayer’ Cut: Por mais que ele diga que o filme é dele, acredite não é bem assim. O conceito dos personagens, o visual o Coringa cafetão cheio de tatuagens pode até ser, vide o filme Bright com Will Smith feito por Ayer para a Netflix que é cheio de Orcs que são iguais ao Coringa do Esquadrão, parecem até primos. Internamente a produção foi um caos, cheia de ansiedade, várias vozes e opiniões, executivos querendo seu investimento de volta em dobro e por aí vai. Para entender o que houve aqui devemos antes mencionar outro filme com problemas iguais, o remake de Fantastic Four onde a Fox interviu e dispensou o diretor finalizando o filme da forma deles resultando em um fracasso. Internamente como no artigo do Hollywood Reporter vazou, Ayer escreveu o roteiro em 6 semanas e o estúdio foi em frente, sem nem pensar direito. E eles não contavam com o efeito Batman v Superman que pegou todo mundo de surpresa, tendo dois dos maiores heróis do mundo juntos e sendo que os filmes do Batman solo fizeram o valor de arrecadação de Batman v Superman, a conta não batia e ajustaram Suicide Squad (2016) na loucura de cumprir a data de lançamento estabelecida previamente, assim adiar o lançamento não era uma opção pelo tamanho da produção e marketing já gasto antecipando e prometendo uma excelente experiência. Fato é, um grande nome para dirigir Suicide Squad (2016) seria muito difícil de se conseguir, inclusive houveram conversas com Mel Gibson sobre comandar Suicide Squad 2 e não foram adiante, e certamente eles procuraram alguém grande para o primeiro filme, mas que certamente disse precisar de mais tempo que 6 semanas para tomar uma decisão, então a Warner decidiu por David Ayer que é um cara barato, que aguentou os “socos e pontapés” das críticas com talvez a promessa de fazer um filme dele no estúdio no futuro com total autonomia. Esse filme pode ter sido Bright com Will Smith, que foi recusado pelo estúdio.
Várias fontes dizem que a Trailer Park responsável pelo trailer foi trazida para finalizar o filme na sala de edição mesmo apenas John Gilroy sendo creditado como tal. Foram então testadas 2 versões, uma de David Ayer que você nunca deverá ver na vida, e outra que foi a escolhida para o cinema com a visão do estúdio Warner/ Trailer Park.
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