Exorcist: The Beginning (2004)

Poster do filme Exorcist: The Beginning (2004)/Morgan Creek Entertainment Group/Dominion Productions/Divulgação e Reprodução

Não é a melhor continuação/prelúdio que existe de The Exorcist (1973) mas certamente é mais consistente que o segundo filme, Exorcist II: The Heretic (1977). Dirigido por Renny Harlin, o cara que fez os ótimos A Nightmare on Elm Street 4: The Dream Master, Die Hard 2 assim como Deep Blue Sea, era de se esperar um filme muito melhor. Estrelando Stellan Skarsgård como Padre Lankester Merrin, Izabella Scorupco, James D'Arcy entre outros.

Com o relançamento de The Exorcist: The Director's Cut nos anos 2000 com 10 min de filme além e cenas remanejadas, a audiência estava novamente imersa no mundo estabelecido em 1973, ainda mais porque o filme foi novamente lançado nos cinemas em 2000 com a atriz que fez Regan, Linda Blair divulgando ele em entrevistas. Era esperado que poderia sair algo disso. Então a Warner decidiu que iria revisitar a franquia.

Temos que estabelecer aqui o mais importante de tudo para entender os acertos e erros deste filme. Existem dois prelúdios ao The Exorcist (1973), um chamado Exorcist: The Beginning e outro Dominion: Prequel to the Exorcist, e apesar de terem elencos similares, assim como a história, são filmes diferentes, com diretores diferentes e tom opostos. A razão de existir Exorcist: The Beginning é que a produtora Morgan Creek não gostou do filme Dominion: Prequel to the Exorcist e engavetou ele por tempo indeterminado, usou algumas cenas, chamou parte do elenco de volta, filmaram novas cenas e isso virou o filme Exorcist: The Beginning.

A história de Exorcista: O início se passa anos antes dos eventos do filme original de 1973 e conta o então primeiro encontro com o demônio do padre Merrin. O filme abre com um padre não denominado andando por um campo de batalha sem sobreviventes, com crucificações inversas e mutilações, ele vê uma peça de Pazuzu e tenta pegar, mas quem a segurava o impede.

Em 1949 então, anos depois daquele evento, vemos Lankester Merrin em um bar no Cairo que fica no Egito, sendo um arqueologista como vimos no filme de 1973, ele deixou a igreja. Os eventos que o fizeram questionar a fé, foram da Segunda Guerra Mundial, onde ele atuava como padre e um militar nazista obriga Merrin a escolher cidadãos de uma pequena vila para serem mortos dizendo a frase “Deus não está aqui hoje padre” frase essa que você ouve em O Exorcista de 1973. Merrin é então oferecida a missão por um sujeito chamado Semelier de ir a Derati (Kenya) em uma escavação do período Bizantino Cristão que contém uma igreja com 500 A.D, uma era onde o cristianismo não tinha alcançado a região. Merrin deve recuperar o artefato sumério demoníaco antes dos britânicos.

Chegando no local Merrin encontra o padre Francis que desviou de sua real missão para garantir os interesses da igreja católica na missão de Merrin. Perto do local, tumbas resultantes de uma antiga praga são vistas. Major Granville é o responsável pela escavação. Sarah Novak é a médica do local, que tem um passado sombrio da II Guerra, onde foi marcada nos campos de concentração. Chuma é o cara trazido para traduzir o que Merrin diz para o pessoal da escavação que são locais.

Na igreja que está coberta de terra, Merrin percebe que ela está em bom estado de conservação. Os locais não se atrevem a entrar lá. O interior da igreja não faz sentido segundo os dogmas do cristianismo, estátuas apontando lanças para o chão quando deveriam ser para o céu, assim como uma heresia de uma cruz inversa, zombando de Jesus.

Merrin vai ao encontro de Bession, que segundo a médica Sarah enlouqueceu e se encontra em Nairobi em uma instituição mental. Merrin percebe a obsessão de Bession pelo artefato sumério em sua barraca abandonada. Quando chega a Nairobi e encontra Bession, ele está estranho, falando como o militar que atormentou Merrin na guerra, e quando ele se vira, tem uma swastika no peito feita com uma faca, Bession se mata ali mesmo cortando sua garganta. O responsável pelo loca, Padre Gionetti diz que o evento com Bession é reflexo do toque o demônio não possessão, mas Merrin não acredita mais em nada, já que na guerra, percebeu como as pessoas são os verdadeiros demônios.

Joseph e seu irmão, são encurralados por hienas feitas por computação gráfica em uma cena muito mal finalizada. Estes dois irmãos são filhos de um local que os introduziu ao catolicismo. O irmão de Joseph é arrastado. O padre Francis alerta que o ocorrido foi estranho, e tem relação com a igreja, já que as hienas nem tocaram em Joseph, como se não o vissem ali.

Logo depois, em um parto, uma criança nasce morta, coberta de vermes. Caminhando pelo centro da igreja, Merrin descobre mais sobre ela, como sendo um local de rituais pagãos como sacrifícios ao demônio Pazuzu, assim como encontra uma grande estátua do mesmo, muito semelhante a uma que ele no primeiro Exorcista de 1973 encara como se já soubesse o que lhe aguardava. Merrin investiga as tumbas que eram então ditas serem resultantes de uma praga antiga e descobre que estão vazias. O padre Francis então revela que aquele local sofreu um grande massacre no passado, a 1500 anos que é a introdução do filme, onde os dois lados foram influenciados pelo mal e se mataram, então, o Imperador Justinian ordenou a construção de uma igreja que deveria afastar o mal do lugar. É dito que em 1893, 4 padres foram ao local para ajudar os locais, todos sumiram e o Vaticano forjou as lápides para afastar as pessoas do lugar. O padre Francis foi designado para constatar se a lenda era real, que dizia que ali em Derati na batalha dos céus foi onde Lúcifer caiu.

Para o padre Francis Joseph estava possuído, mas então Merrin acha uma foto da médica Sarah com Bession, ela era mulher dele, e o tempo todo, ela estava possuída porque havia entrado na igreja com ele na primeira vez. Merrin a exorciza, e ela acaba morrendo, enquanto isso ocorre uma batalha fora da igreja onde os nativos locais enfrentam os militares britânicos, mas a batalha não é normal, porque as pessoas se automutilam. Merrin sobrevive e retoma sua fé, e esse foi o primeiro encontro dele com o demônio.
Liam Neeson quase foi Padre Merrin.

É muito complicado criticar um projeto destes, fato é nenhuma das duas versões do filme são se quer melhores que The Exorcist III (1990) por exemplo, só não são piores que Exorcist II: The Heretic.

Quando se trata de remakes, prequels é muito importante um bom roteiro, com gente que realmente sabe contar uma história, e o caminho que foi percorrido de mais de 10 anos para chegar nas duas versões completamente diferentes não foi a melhor escolha, antes tivessem gastado 20 anos mas acertassem a mão. Em Exorcist: The Beginning o que destoa de imediato é a computação gráfica barata, como nas cenas de corvos e hienas, ou mesmo quando Sarah possuída na igreja começa a escalar as paredes. O problema com The Beginning é a quantidade de sub-tramas desnecessárias, como as tumbas misteriosas, o desaparecimento de 4 padres ou então o interesse de Semelier no artefato Pazuzu que nunca é explicado. O trauma de Merrin da guerra é satisfatório, o impacto de você ter que escolher pessoas para serem mortas deve mudar sua fé e questionamentos mesmo, isso é um acerto, já esconder a possessão de Sarah o filme todo é meio estranho, principalmente quando o beberrão que vive dando em cima dela morre misteriosamente e te faz pensar no final do filme se foi ela ou não, é como se a possessão neste filme fosse uma transformação de vampiro que engana.  O fato da igreja misteriosa ter sido feita para guardar o mal e depois ter sido usada para sacrifícios é meio desconcertante, e toda a “bagagem de informações” que o padre Francis do nada despeja sobre o local, e datas, e das benditas tumbas falsas é tudo muito desinteressante.

Às vezes podemos pensar que tudo precisa de uma explicação, mas não é assim, deixar você imaginando como foi o encontro com o demônio que quase matou o padre Merrin mencionado no primeiro filme de 1973 é uma das coisas mais belas daquela história, justamente porque não é mostrado, mas sim mencionado e sua cabeça preenche as lacunas. O tom daquele filme era tão sombrio e perfeito que passa uma noção de experiência ao redor de Merrin, como se ele fosse alguém que soubesse e conhecesse o oculto e sobrenatural melhor que a maioria das pessoas, deixava uma impressão de sabedoria.

Quando assistimos a versão Exorcist: The Beginning não batem as datas do evento com o filme de 1973, aqui Merrin está mais novo do que é dito que seu primeiro encontro com o mal ocorreu no primeiro filme, e o exorcismo não chega ao ponto de o matar como também é mencionado no filme de 1973. Poderiam ter explicado a condição cardíaca dele, como a contraiu, se teve algo a ver com o exorcismo de Derati. Poderia então a abertura do filme de 1973 na escavação ser a mesma escavação do filme Exorcist: The Beginning? Até poderia afinal nos dois filmes vemos o artefato sumério da cabeça do demônio Pazuzu.

O exorcismo em Exorcist: The Beginning é muito rápido, mal passa a sensação de medo, a tensão não foi construída o suficiente. E toda a relação dos nativos locais com o exército britânico é desnecessária, serve apenas para correlacionar o começo do filme quando o padre anda no campo de batalha com o terço nas mãos presenciando o massacre, como uma forma de dizer que a história se repete.

Paul Schrader foi o diretor que filmou a primeira versão do filme, mas sua versão mais adulta e psicológica, causaram sua demissão. Essa filmagem é o filme Dominion: Prequel to the Exorcist lançado um ano depois em 2005. Mas como não gostaram da versão de Paul Schrade, contrataram Harlin, outro diretor, que usou algumas cenas já feitas, adicionou outras, mudou boa parte do elenco, e fez Exorcist: The Beginning (2004). Entre as mudanças estão a substituição do ator que fazia o padre Francis na versão Dominion que foi interpretado por Gabriel Mann, que não voltou para Beginning por agenda. As atrizes que fazem a médica local são diferentes, em Dominion é Clara Bellar, já em Beginning Izabella Scorupco. 90% do filme foi refeito.

Na versão Dominion foi estabelecida uma ligação com o segundo filme Exorcist II: The Heretic. Naquele filme é dito que Merrin salvou um menino chamado Kokomu, pois bem, em Dominion: Prequel to the Exorcist vemos Merrin salvar um garoto, mas não com este nome.

Quando Exorcist: The Beginning falhou tanto de crítica quanto monetariamente, a produtora Morgan Creek deu $ 35. 000,00 para Paul Schrader terminar seu filme que se tornou Dominion: Prequel to the Exorcist que teve melhor aceitação.

The Exorcist (1973): O melhor filme de terror Parte 1

The Exorcist (1973): O melhor filme de terror Parte 2

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The Exorcist III (1990)   Matéria completa, resumo e versões 

Dominion: Prequel to the Exorcist (2005)